22/09/2013

Crash! Entenda a crise


            Era uma beleza: era só aplicar o dinheiro que tinha guardado para dar entrada em uma casa e, em dois ou três anos, já tinha o suficiente para compra a casa á vista. Nunca tinha sido tão fácil fazer dinheiro. E, óbvio, todo mundo queria entrar nessa.
            Para se entender melhor como tudo começou, usaremos o exemplo do mercado financeiro de tulipas, na Holanda no século XVII. As flores, cobiçadas pelos nobres da Europa, eram trazidas da Turquia. As mais raras tinham valor semelhante a um sobradinho no centro de Amsterdã.
No inicio, o comercio era feito apenas durante a primavera, quando os bulbos floresciam, mas não tardou para o comercio durar o ano inteiro. Os especuladores compravam suas flores no inverno, com esperança que houvesse a valorização do preço quando chegasse a primavera e as plantas aparecessem. Assim eles ficavam com um contrato que dava o direito ao dinheiro que as flores rendessem mais tarde.
Com o tempo começou o comercio dos próprios contratos. Um investidor que tivesse pago 1200 florins por um contrato, esperando que o bulbo subisse de preço ás vezes preferia vender a algum interessado no ato por 1300 do que esperar até a primavera. Esse outro sujeito conseguia vender por 1400 e assim por diante conseguindo um lucro sem ter investido nada, é o que os especuladores chamam de “alavancagem”. Se o mercado está em alta, isso garante lucros astronômicos. Mas se o mercado não estiver preparado, se torna um investimento dos mais arriscados.
O mercado das tulipas estava em alta. Qualquer pessoa que adquirisse um contrato, pelo preço que fosse, sempre vendia por um preço maior. Esse mercado só se sustentaria se os preços continuassem subindo até o fim dos tempos, o que jamais ocorreu na historia.
O crash das tulipas veio quando se começou a descobrir um monte de fraudes, floristas vendiam contratos falsos, com o tempo ninguém mais queria os contratos, e as tulipas e papéis perderam seu valor. Com um comercio baseado em um dinheiro fictício, logo se começou a aparecer rombos na economia. E todo aquele dinheiro não tinha mais valor.


Grande Depressão
            Os americanos viviam o futuro em 29. Tudo era novo, a quantidade de carros foi de 7 milhões para 23 milhões, o radio era uma novidade, o cinema era cada vez melhor, o capitalismo e a necessidade pelo consumo estava no dia a dia dos americanos. A bolsa de valores estava em alta, refletindo o que acontecia nos Estados Unidos, o preço das ações tinha dobrado desde 1928, isso por causa de uma nova especulação financeira, um grupo de megainvestidores agia para forçar altas nas ações. Quando o mercado estava calmo, eles compravam bilhões de ações, o preço subia, e depois revendiam com lucro para começar tudo de novo.
            As altas na bolsa de valores americanas eram cada vez mais freqüentes. Um investia nos papéis do outro, inflando preços e deixando-os com mais capital. O sistema bancário dava empréstimos aceitando ações como garantia. Esse dinheiro voltava para a bolsa em busca de um lucro alavancado.
            Chegou o dia, aquilo que os americanos nunca imaginaram estava preste a acontecer. O preço das ações se perdeu, agora tinha a ver com um ciclo baseado na esperança de que o dinheiro se valorizasse cada vez mais. A media de aumento dos lucros estava muito a baixo do preço das ações. O dinheiro se tornará fictício.
            Para acabar com isso o Banco Central dos EUA subiu os juros da renda fixa para tirar dinheiro de circulação e acabar com as especulações. Foi questão de tempo, depois de um período instável de altas e baixas na bolsa, os riscos de perdas estavam muito altos e os investidores começaram a vender suas ações, em apenas três semanas a bolsa perdeu tudo que havia conseguido em dezoito meses.
            Com a falta de dinheiro no mercado, começou um efeito domino, a produção industrial caiu 10% e as importações 20%. Para compensar as perdas as industrias diminuíram os salários dos trabalhadores, que por sua vez não conseguiam mais pagar suas dívidas de crediário nem as dos empréstimos garantidos pelas ações.
Os bancos começaram a falir, e a política de tirar dinheiro de circulação continuava, a justificativa era “limpar” a economia. Para o secretário do Tesouro, Andrew Mellon, “Os padrões de vida altos serão reduzidos. As pessoas trabalharão mais, levarão uma vida mais de acordo com a moralidade. Os valores se ajustarão e os empreendedores recolherão os destroços dos menos competentes.”
Não adiantou, milhares de bancos faliram e a crise econômica já era certa, a economia americana despencou, os números de desempregados só aumentava. A Europa, que ainda sofria com as perdas da primeira guerra mundial, sentiu os efeitos da crise. Das filas de desempregados na Alemanha, por exemplo, nasceu o apoio a Hitler.
Franklin Roosevelt assumiu a presidência em 1933, e acabou com a política que pregava que o mercado se auto regulava. A recuperação começou após a injeção de dinheiro estatal no mercado, primeiro no campo onde o preço dos produtos agrícolas subiu e depois na cidades. Em pouco tempo a Bolsa se recuperou percialmente e graças à intervenção do governo na economia o mundo voltava a respirar.
Os Estados Unidos só se recuperaria completamente durante a segunda guerra mundial, com o aumento das importações e por não ter as perdas de uma guerra em seu próprio território, já que a guerra acontecia na Europa. Após essa crise os sistemas econômicos mundiais tiveram alterações e agora o governo intervém constantemente na economia a fim de evitar novas crises.



-Lucas Bernardes

Bibliografia:



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