18/06/2013

A relação entre Darwinismo Social e a Xenofobia

Beatriz Mazzo nº3

O conceito de darwinismo social nada mais é do que a aplicação da teoria da evolução das espécies de Charles Darwin  na sociedade. Segundo essa teoria, a seleção natural consiste na adaptação das espécies ao ambiente em que vivem, se modificando e se aperfeiçoando com a finalidade de garantir a sua sobrevivência. 

Porém, essa teoria teve desvios interpretativos graves com a transposição de seus conceitos biológicos para o estudo da sociedade e do comportamento humano, o que acabou por criar um conceito aparentemente de cunho científico, o Darwinismo Social, princípio a partir do qual as sociedades se modificam e se desenvolvem segundo o mesmo modelo de Darwin, com a passagem de um grau inferior para um superior. Nesse caso, a mudança garantiria a sobrevivência das sociedades mais fortes e evoluídas.

Tal teoria poderia explicar a maneira na qual os países de continentes como Ásia, África e Oceania foram colonizados durante o Imperialismo no fim do século XIX e a que se deveu a ascensão das potências europeias.

Durante esse período, o acelerado crescimento do mercado europeu gerou uma crise de produção nas suas indústrias, havia uma excedente oferta em relação à demanda. As potências europeias por sua vez, para expandir a sua produção e mercado capitalistas, buscam nessas colônias mão-de-obra barata, matéria-prima bruta e mercado consumidor. 

Porém, encontraram resistência de civilizações locais que já tinham sua cultura, costumes e língua próprios, assim como religião politeísta, economia baseada na agricultura de subsistência e comércio pouco desenvolvido, motivos que fizeram os europeus considerá-los povos primitivos, que teriam que ser organizados sob os moldes capitalistas para que fosse possível a exploração de seu território e o consumo por parte da população dos produtos industrializados, garantindo o mercado e a aplicação dos capitais excedentes nesses continentes.

Para que a exploração seguisse de modo que atendesse os seus interesses, os europeus camuflaram essa colonização com o argumento de uma "missão civilizadora", que traria desenvolvimento técnico-científico pelas colônias, isso de fato foi feito, porém apenas planejado a partir do interesse próprio dos europeus, que transformaram radicalmente as tradições e costumes dos povos que ali habitavam, mesmo que contra a sua vontade.

Apesar de mais de um século ter se passado e de toda consciência adquirida após esses fatos, infelizmente ainda testemunhamos muitos acontecimentos nos dias de hoje que tiveram suas raízes-estruturais no conceito do Darwinismo Social, o que indica que a crença na superioridade racial e étnica de um povo sobre o outro ainda existe.

Dentre as consequências desse conceito nos dias de hoje, eu diria que a mais vigente é a Xenofobia, que significa do grego “medo do estrangeiro” e se caracteriza pela aversão ao imigrante vindo principalmente de países subdesenvolvidos ou com diferente religião e cultura devido a essa mesma crença de superioridade étnico-racial. O principal destino dos imigrantes é a Europa e Estados Unidos, justamente onde foram cultivados os princípios do Darwinismo Social.

A Xenofobia aparece à medida que os movimentos migratórios aumentam no contexto da Globalização, seja por motivos como conflito, crise econômica no seu país de origem, ou até mesmo pela busca de uma melhor qualidade de vida ou de uma oportunidade de emprego.

Com a criação das transnacionais, a intensificação da abertura dos mercados possibilitou às empresas uma maior movimentação, assim como a busca de mão-de-obra mais barata em outros países, o que causa, além de um crescente desemprego, uma relação de disputa de emprego entre a população local e os imigrantes, gerando preconceito e discriminação contra eles.

Apesar do aumento da circulação de pessoas durante a Globalização, alguns governos de países desenvolvidos, a fim de tomar providências em relação a esses crescentes fluxos migratórios, elaboraram leis que impedem a entrada de imigrantes ou até mesmo construíram muros entre as fronteiras com os países vizinhos, assim como o que separa os EUA do México. 

Aparentemente, os EUA ainda não tinham percebido que tomar tal medida só acentuaria sua antiga atitude imperialista, além de não ter sido nada eficiente já que, como previsto, a entrada de imigrantes ilegais no país só aumentou.



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