30/03/2013

Cianeto, agente exterminador.


Os acontecimentos do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (Rio Grande do Sul), trouxeram memórias que já haviam sido esquecidas.

 Segundo os delegados responsáveis pela investigação, a perícia confirmou que a queima da espuma usada no teto e nas paredes da casa noturna (Kiss) como revestimento acústico liberou gases tóxicos, tais como cianeto e monóxido de carbono, acarretando a morte de 241 jovens por asfixia. A morte de muitas pessoas pelo gás cianeto trás diretamente lembranças do Holocausto e o extermínio em massa dos judeus em câmaras de gás nos campos de concentração nazistas.

 Não foi durante a Segunda Guerra Mundial que o cianureto (cianeto) passou a ser conhecido pelo homem, e não era exatamente o cianureto a substância usada para exterminar os judeus. Existem vários compostos do cianureto. O composto que os nazistas usaram e abusaram foi o ácido cianídrico (HCN), o produto era conhecido mundialmente por Zyklon B.



 O Zyklon B, foi desenvolvido em 1924 como inseticida pela empresa alemã Degesch (o grupo de indústrias IG Farden detinham a patente do inseticida Zyklon B, pois era dono de 42,2% da empresa Degesch), com a ajuda de Fritz Haber. Fritz Haber, químico alemão que foi laureado com o Nobel de Química em 1918, e conhecido internacionalmente como “pai da guerra química”, pois foram suas pesquisas e implantações de cloro e outros gases tóxicos durante a Primeira Guerra Mundial, que iniciaram o uso de gases para massacre em massa. Após ser desenvolvido o Zyklon B não foi usado para matar nenhum ser humano, porém matava seres vivos. O inseticida não fez sucesso somente dentro da Alemanha, ele foi mundialmente usado, seus principais consumidores eram a França, Rússia e Estados Unidos. Na década de 30, o Serviço Público de Saúde dos Estudos Unidos utilizavam o produto para desinfetar as roupas e pertences dos imigrantes mexicanos.



 Até antes do golpe de estado de Hitler, a Alemanha estava quebrada, sua economia havia sido destruída (o papel moeda era um pedaço de jornal cortado com um carimbo do estado, não valia a pena fabricar papel moeda), e seu povo não tinha mais esperança. Com o início da Segunda Guerra Mundial, as coisas melhoram de um lado e pioram do outro, Adolf Hitler conseguiu remontar a economia a partir da pilhagem dos países dominados e tomando todas as riquezas dos judeus (que naquela época detinham o maior capital, devido sua facilidade no comércio e manter seu dinheiro em casa, não nos bancos). Entretanto as vendas do Zyklon B, e outros produtos fabricados na Alemanha, pararam de ser comprados por outros países, devido à “fama” do país naquele momento.

 Os Nazistas não só tomaram as riquezas dos judeus, como os colocaram em campos de concentração, onde lá permaneceriam. Existe um fato que os nazistas não tinham pensado, quando se junta muita gente em lugares pequenos, a tendência é que proliferem infecções, doenças, parasitas. E foi exatamente o que aconteceu, começou a ficar inviável manter os judeus nos campos de concentração, devido às doenças que ali se alastravam.

 O Estado Nazista começou a ficar preocupado, pois as doenças estavam atacando os soldados nazistas que ficavam nos campos de concentração, foi por este móvito que chamaram médicos sanitaristas para resolver o problema da higiene e saúde dos prisioneiros, agora não só judeus como ciganos, homossexuais e prisioneiros de guerra. Um dos médicos sanitaristas chamados foi Kurt Gerstein. Famoso por ter desenvolvido os banheiros de higiene coletiva nos campos de concentração que mais tarde foi usado para massacre dos prisioneiros. Gerstein também é conhecido por ter dado informações para o diplomata suíço, Göran von Otter, e para membros da Igreja Católica Romana (com contatos com o papa Pius XII), em esforço para informar o público mundial sobre o Holocausto.



 Infelizmente mesmo com a implantação dos banheiros coletivos (ideia de Gerstein), as doenças continuaram a se espalhar e a afetar os soldados. A segunda ideia foi coletiva, usar o inseticida para desinfetar os prisioneiros e as instalações que eles ocupavam, e os Nazistas sabiam que o Zyklon B tinha feito sucesso mundial devido sua eficiência, porém a indústria que fabricava a substância estava quebrada. Então foi feito um plano de estado para o monopólio da produção de substâncias químicas na Alemanha Nazista, e ele se chamava IG Farben, o mesmo grupo que detinha a patente do Zyklon B, então a produção passou a ser feita por outras indústrias, como a Bayer.


 A Bayer foi responsabilizada junto com o Partido Nazista, pelo extermínio dos judeus, durando o Holocausto, por isso ela quebrou logo após do fim da guerra, mas conseguiu se reconstruir e está no mercado internacional até hoje.

 O uso do inseticida diminuiu a proliferação das doenças, porém não exterminaram por vez. A terceira ideia a provada por Heinrich Luitpold Himmler (braço direito de Adolf Hitler e comandante da SS), foi matar de os prisioneiros, foram usados vários métodos: fuzilamento, queimar lós vivos, brigas entre prisioneiros, mais nenhum desses métodos realmente funcionou e foi viável para o Estado.

 Foi quando em Agosto de 1941, o Capitão Karl Fritzsch (subordinado do Comandante do Campo de Concentração Auschwitz Rudolf Höss) usou em uma de suas “brincadeiras” colocou uma capsula de Zyklon B na boca de um prisioneiro de guerra russo, e foi observada a rapidez como a substancia conseguia matar um ser humano. Depois desse acontecimento vários testes foram realizados para saber como a substância agia no organismo humano, a mais conhecida e que há relatos foi: “... as capsulas de Zyklon B foram colocadas no chão da sala, onde havia alguns prisioneiros de guerra confinados. A sala foi selada e depois de 24 horas, as portas foram abertas para o ar ser naturalmente ventilado para fora da sala e foram removidos os corpos...”.

 A partir dessa experiência o gás cianureto foi usado para o extermínio dos judeus, ciganos e prisioneiros de guerra. Nos banheiros coletivos eram colocados os prisioneiros até a porta não fechar mais, por cima ficavam as crianças e por baixo os adultos, as capsulas de Zyklon B eram jogadas dentro dos banheiros, onde elas reagiam com agua e liberava o gás. O efeito do gás é parar a respiração celular, fazendo a vitima morrer asfixiada, e com uma coloração roseada. O cianeto era usado para o suicídio de oficiais capturados, como o próprio Himmler fez.

 Após a guerra, os produtores do Zyklon B foram processados e tiveram que pagar indenizações monstruosas. Não houveram mais casos de morte diretamente ligado ao gás cianeto, somente a tragédia de Boate Kiss, e é triste saber que ainda há fantasmas do passado a solta.

Um comentário:

Apollo15 disse...

Hoje o em pleno século 21 usam a estratégia da fome para matar milhoes de seres humanos, e utilizam dos gazes industriais para selarem todo o ecossistema de vida na terra. Enfim o arauto da morte só muda seus modos operantes, mas a finalidade e a mesma o extermínio da vida.