31/05/2013

O legado de Che Guevara

Ernesto Guevara de La Serna pertencia à classe alta argentina, alternava residência entre Buenos Aires e Caraguatay, onde havia a produção de mate de sua família. Como os negócios iam mal, Ernesto resolveu empregar-se na Câmara de uma vila para ajudar com as finanças em casa. Em 1946, ingressou na universidade de medicina da Capital, onde empregou-se novamente como funcionário municipal, paralelamente à faculdade.

Para o desespero de sua família, Che Guevara resolve, 6 meses antes de finalizar o curso, iniciar uma longa viagem com o seu companheiro bioquímico Alberto Granado ao redor da América do Sul. Montado na velha moto apelidada de La Poderosa II, Che Guevara dá início a uma grande jornada na qual irá adquirir grandes conhecimentos que levará por toda a vida.


Ao longo da viagem, os dois se hospedaram de favor por onde passavam, se infiltraram nas aldeias indígenas, visitaram minas de cobre e uma clínica de pacientes portadores da lepra, onde decide se especializar na doença. Ao interagir com a população e vivenciar a realidade dos povos mais humildes, Che começa a perceber que a única fronteira que separa os países latino-americanos é a política, já que os problemas econômicos e sociais eram comuns entre cada um deles. De volta à Argentina, Che conclui seus estudos e, com uma nova visão de mundo, começa a dedicar-se à política a fim de tomar providências em relação ao progresso econômico, que só privilegia uma pequena parte da população.


Em 1953, Che inicia sua segunda viagem em que visita vários países, entre eles, a Guatemala, onde presencia a tentativa do presidente Jacob Arbenz, apoiado pela população, de eliminar o latifúndio, diminuir as desigualdades sociais e introduzir a mulher no mercado de trabalho. Essa luta foi extremamente combatida pelos EUA por não se enquadrar nos padrões políticos da América Latina. A experiência adquirida na Guatemala é fundamental para que Che consiga se definir revolucionário e se opor ao imperialismo americano.

No ano seguinte, Che conhece Raul Castro, que apresentaria seu irmão mais velho Fidel Castro. Esse organiza e lidera um movimento revolucionário cubano que ficou conhecido como 26 de julho, que contou com a participação de Guevara, um dos 72 homens integrantes do movimento. Nesse contexto, Che considera este o marco transitório de médico a revolucionário.  



Após a vitória dos revolucionários, o presidente cubano Batista que até então governava, se exilou e consequentemente instaurou-se um regime socialista em Cuba. No ano de 1965, Guevara deixa Cuba para disseminar os ideais da revolução cubana pelo mundo com a ajuda de voluntários de vários países latino-americanos e com apoio de Fidel Castro, que anunciou tal evento como luta contra o imperialismo. 


Quando parte para a Bolívia, encara dificuldades para unificar a América Latina. Enfrenta obstáculos com a língua, como o terreno desconhecido, além de não ter recebido apoio, nem pela população, nem pelo partido comunista da região. Che é capturado e executado no dia seguinte a mandato do presidente. Ironicamente, no local de sua morte hoje é erguida uma estátua em sua homenagem, ele é considerado santo pela população boliviana, que antes o ignorou. Além de ser considerado um ícone mundial

 
Acima, a imagem de Che Guevara foi formada por ícones da sociedade de consumo, o que desvirtua a essência do seu pensamento revolucionário e anticapitalista.

Atualmente, a reprodução da imagem de Che Guevara é feita em larga escala, o marketing capitalista transformou a figura de um dos inimigos mais ferozes do capitalismo em produto dele. Sua imagem mítica, capturada pelo fotógrafo cubano Korda e imortalizada no desenho do artista Fitzpatrick, surge nos locais mais diversos, como em camisetas e cartazes. Devido ao esvaziamento ideológico de seu legado, seu rosto é utilizado por várias pessoas, a maioria delas sem ter a menor ideia de quem se trata. O que podemos perceber na propaganda da Globo News: 



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