Campanha de Galípoli
Campanha de Galípoli, abril de 1915 |
A Campanha de Galípoli, também conhecida
como Batalha dos Dardanelos, teve como palco a península de Galípoli na Turquia, de 25 de abril de 1915 a 9
de janeiro de 1916, durante a I Guerra
Mundial. Foi uma das campanhas mais custosas e trágicas da guerra.
Forças britânicas, francesas, australianas e neozelandesas desembarcaram em
Galípoli, numa tentativa de invasão da Turquia e captura do estreito de Dardanelos.
A tentativa falhou, com pesadas perdas para ambos os lados. Os aliados se
retiraram do local durante os meses de dezembro de 1915 e janeiro de 1916.
As divisões ANZAC (Australian and New Zealand Army
Corps) se viram especialmente danificadas, e esta campanha passou a
significar certa dissensão por parte dos aliados oriundos da Nova Zelândia e da Austrália,
que acusaram as tropas britânicas de arrogância, crueldade e inaptidão,
bem como principais responsáveis pelo fracasso das operações. O Anzac Day (25 de abril)
continua a ser a comemoração mais significativa dos veteranos na Austrália e na
Nova Zelândia, superando o Dia do Armistício / Dia da Lembrança.
A Campanha de Galípoli repercutiu
profundamente em todas as nações envolvidas. Na Turquia, a batalha é percebida
como um momento definitivo na história da nação — a defesa final da terra-mãe
após séculos de desintegração do Império Otomano. A luta estabeleceu as bases
para a Guerra de Independência Turca e a fundação da República Turca oito anos
mais tarde, sob Atatürk, ele próprio um comandante em Galípoli.
No início de 1915, tentando obter
importante vantagem estratégica, o governo britânico autorizou o ataque à península
de Galípoli tendo por objetivo final capturar Istambul,
capital do Império
Otomano, bem como obter uma rota segura para a Rússia através do Mar Negro.
Em 13 de janeiro o Conselho de Guerra Britânico aprovou os planos para uma
operação naval no estreito de Dardanelos.
Dispositivos do 5º Exército Turco |
As defesas do estreito estavam
divididas em externas, intermediárias e internas. As defesas externas estavam
suscetíveis a bombardeios navais, enquanto as defesas internas se localizavam
na parte mais estreita da passagem, perto de Çanakkale.
A área era defendida ainda por uma série de 10 campos minados marítimos,
contendo 370 minas.
O Vice-Almirante Sir John de Robeck
informou Winston Churchill que não seria possível capturar a península de
Galípoli sem a ajuda do exército. O General Sir Ian Hamilton, comandante da
Força Expedicionária do Mediterrâneo aquartelada na ilha grega de Lemnos,
participou em 22 de março de uma conferência com o Almirante
Robeck a bordo do HMS Queen Elizabeth, onde tomaram a decisão de realizar o
desembarque anfíbio em larga escala em Galípoli.
Líderes do exército grego informaram Lord Kitchener, Secretário de Estado da
Guerra, que ele precisaria de cerca de 150 000 homens para tomar Galípoli. Kitchener
concluiu que somente a metade seria necessária. Enviou a experiente 29º Divisão
Britânica para se juntar às tropas da Austrália, Nova Zelândia e tropas
coloniais francesas em Lemnos.
As praias de desembarque |
Informações
chegaram ao comandante do Quinto Exército otomano , o Tenente-General alemão Otto Liman von Sanders, a respeito dos 70 000 homens aliados reunidos na ilha grega.
Von Sanders prevendo o ataque iminente começou a posicionar seus 84 000 homens ao longo da costa onde ele
esperava que os planos de invasão tivessem lugar. O
comandante da 19ª Divisão de Exército, Mustafá Kemal,
com sua experiência anterior em operações militares na região de Galípoli,
conseguiu prever o lugar onde os desembarques aliados ocorreriam, e deteve as
tropas aliadas no local até a retirada final. Angariou fama e tornou-se um
herói nacional, sendo o primeiro presidente da república no pós-guerra.
O
ataque se iniciou em 25 de abril de 1915 com o estabelecimento de duas cabeças-de-ponte,
em Helles e Gaba Tepe. Outro grande desembarque teve
lugar na baía de Sulva em 6 de agosto.
Entretanto as tentativas de tomar toda a península fracassaram, frente a
resistência tenaz oferecida pelas forças turcas. Até ao final de agosto os
aliados haviam perdido mais de 40 000 homens. O General Ian Hamilton
solicitou mais 95 000 homens, embora apoiado por Winston
Churchill, Kitchener não estava disposto a enviar mais tropas para a área, uma
vez que não podia desfalcar a frente ocidental na Europa.
Em 14 de outubro,
o General Hamilton foi substituído pelo Tenente-General Sir Charles Monro. Após
percorrer as três frentes de combate, o General Monro recomendou uma retirada
imediata das forças aliadas. Lord Kitchener, que chegou à frente de combate
duas semanas depois, concordou que os 105.000 homens restantes deveriam ser
retirados. A operação começou pela baía de Sulva em 7 de dezembro.
As última unidades foram evacuadas do Cabo Helles em 9 de janeiro
de 1916.
Resultado Final
Cerca de 480 000 soldados aliados tomaram parte na
fracassada Campanha de Galípoli. As tentativas de abrir caminho através da
península resultaram infrutíferas, devido às dificuldades do terreno e à
obstinada resistência das tropas turcas. O estreito permaneceu fechado aos
aliados até o final da guerra, dificultando o apoio aos russos.
Os britânicos e seus aliados tiveram cerca de 220 000 baixas (43 000 mortos). Houve
mais de 33 600 perdas entre as tropas ANZAC (mais de
1/3 de mortos). As tropas coloniais franceses tiveram 47 000 baixas (5 000 mortos). Do outro lado, as baixas
turcas são estimadas atualmente em cerca de 250 000 (65 000 mortos).
Arthur Prado Neves nº 2 Mozart
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