Era uma beleza: era só
aplicar o dinheiro que tinha guardado para dar entrada em uma casa e, em dois
ou três anos, já tinha o suficiente para compra a casa á vista. Nunca tinha
sido tão fácil fazer dinheiro. E, óbvio, todo mundo queria entrar nessa.
Para se entender melhor
como tudo começou, usaremos o exemplo do mercado financeiro de tulipas, na
Holanda no século XVII. As flores, cobiçadas pelos nobres da Europa, eram
trazidas da Turquia. As mais raras tinham valor semelhante a um sobradinho no
centro de Amsterdã.
No inicio, o comercio era feito apenas durante a
primavera, quando os bulbos floresciam, mas não tardou para o comercio durar o
ano inteiro. Os especuladores compravam suas flores no inverno, com esperança
que houvesse a valorização do preço quando chegasse a primavera e as plantas
aparecessem. Assim eles ficavam com um contrato que dava o direito ao dinheiro
que as flores rendessem mais tarde.
Com o tempo começou o comercio dos próprios
contratos. Um investidor que tivesse pago 1200 florins por um contrato,
esperando que o bulbo subisse de preço ás vezes preferia vender a algum
interessado no ato por 1300 do que esperar até a primavera. Esse outro sujeito
conseguia vender por 1400 e assim por diante conseguindo um lucro sem ter
investido nada, é o que os especuladores chamam de “alavancagem”. Se o mercado
está em alta, isso garante lucros astronômicos. Mas se o mercado não estiver
preparado, se torna um investimento dos mais arriscados.
O mercado das tulipas estava em alta. Qualquer
pessoa que adquirisse um contrato, pelo preço que fosse, sempre vendia por um
preço maior. Esse mercado só se sustentaria se os preços continuassem subindo
até o fim dos tempos, o que jamais ocorreu na historia.
O crash das tulipas veio quando se começou a
descobrir um monte de fraudes, floristas vendiam contratos falsos, com o tempo
ninguém mais queria os contratos, e as tulipas e papéis perderam seu valor. Com
um comercio baseado em um dinheiro fictício, logo se começou a aparecer rombos na
economia. E todo aquele dinheiro não tinha mais valor.
Grande Depressão
Os americanos viviam o futuro em 29. Tudo era novo, a
quantidade de carros foi de 7 milhões para 23 milhões, o radio era uma
novidade, o cinema era cada vez melhor, o capitalismo e a necessidade pelo
consumo estava no dia a dia dos americanos. A bolsa de valores estava em alta,
refletindo o que acontecia nos Estados Unidos, o preço das ações tinha dobrado
desde 1928, isso por causa de uma nova especulação financeira, um grupo de
megainvestidores agia para forçar altas nas ações. Quando o mercado estava
calmo, eles compravam bilhões de ações, o preço subia, e depois revendiam com
lucro para começar tudo de novo.
As
altas na bolsa de valores americanas eram cada vez mais freqüentes. Um investia
nos papéis do outro, inflando preços e deixando-os com mais capital. O sistema
bancário dava empréstimos aceitando ações como garantia. Esse dinheiro voltava
para a bolsa em busca de um lucro alavancado.
Chegou
o dia, aquilo que os americanos nunca imaginaram estava preste a acontecer. O
preço das ações se perdeu, agora tinha a ver com um ciclo baseado na esperança
de que o dinheiro se valorizasse cada vez mais. A media de aumento dos lucros
estava muito a baixo do preço das ações. O dinheiro se tornará fictício.
Para
acabar com isso o Banco Central dos EUA subiu os juros da renda fixa para tirar
dinheiro de circulação e acabar com as especulações. Foi questão de tempo,
depois de um período instável de altas e baixas na bolsa, os riscos de perdas
estavam muito altos e os investidores começaram a vender suas ações, em apenas
três semanas a bolsa perdeu tudo que havia conseguido em dezoito meses.
Com a
falta de dinheiro no mercado, começou um efeito domino, a produção industrial
caiu 10% e as importações 20%. Para compensar as perdas as industrias
diminuíram os salários dos trabalhadores, que por sua vez não conseguiam mais
pagar suas dívidas de crediário nem as dos empréstimos garantidos pelas ações.
Os bancos começaram a falir, e a política
de tirar dinheiro de circulação continuava, a justificativa era “limpar” a
economia. Para o secretário do Tesouro, Andrew Mellon, “Os padrões de vida
altos serão reduzidos. As pessoas trabalharão mais, levarão uma vida mais de
acordo com a moralidade. Os valores se ajustarão e os empreendedores recolherão
os destroços dos menos competentes.”
Não adiantou, milhares de bancos faliram e
a crise econômica já era certa, a economia americana despencou, os números de
desempregados só aumentava. A Europa, que ainda sofria com as perdas da
primeira guerra mundial, sentiu os efeitos da crise. Das filas de desempregados
na Alemanha, por exemplo, nasceu o apoio a Hitler.
Franklin Roosevelt assumiu a presidência
em 1933, e acabou com a política que pregava que o mercado se auto regulava. A
recuperação começou após a injeção de dinheiro estatal no mercado, primeiro no
campo onde o preço dos produtos agrícolas subiu e depois na cidades. Em pouco
tempo a Bolsa se recuperou percialmente e graças à intervenção do governo na
economia o mundo voltava a respirar.
Os Estados Unidos só se recuperaria completamente
durante a segunda guerra mundial, com o aumento das importações e por não ter
as perdas de uma guerra em seu próprio território, já que a guerra acontecia na
Europa. Após essa crise os sistemas econômicos mundiais tiveram alterações e
agora o governo intervém constantemente na economia a fim de evitar novas
crises.
-Lucas Bernardes
Bibliografia: